misabellc.biblioteca

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Biblioterapia pode ser mais eficaz que antidepressivo

Biblioterapia pode ser mais eficaz que antidepressivo

Publicidade

Livros de autoajuda na área médica vendem horrores por uma razão muito
simples: eles funcionam.
Área da saúde engorda filão da autoajuda com receitas e
Num trabalho publicado em 2004 no periódico "Psychological Medicine", Peter
den Boer e seus colegas da Universidade de Gronigen, na Holanda, compararam
vários estudos que avaliaram a eficácia de livros de autoajuda
(biblioterapia) em casos clínicos de ansiedade e depressão.
Concluíram que a biblioterapia é significativamente mais eficaz do que
placebos ou inclusão em lista de espera para terapia, e praticamente tão
eficaz quanto tratamentos curtos ministrados por um profissional. Ainda mais
interessante, ela se mostrou medianamente mais eficaz do que o uso de
antidepressivos.
Esses resultados estão em linha com o que foi apurado em outras metanálises
feitas principalmente nos anos 90, e também com as conclusões de uma
força-tarefa que a Associação Psicológica Americana (APA) montou em fins dos
anos 80.
Antes, porém, de trocar seu psiquiatra (R$ 400 a sessão) e seu Prozac (R$
145 a caixa com 28 cápsulas) por um livro (R$ 19,90 o exemplar de 'Como
Curar a Depressão', Ed. Sextante), convém fazer algumas ponderações sobre
esses achados.
Parte do efeito positivo da biblioterapia pode ser atribuído a um viés de
seleção. Deprimidos que buscam ativamente uma mudança de comportamento -ou
seja, aqueles que compram os livros- são melhores candidatos à cura do que
os pacientes que sucumbiram à apatia.
Outro problema é que os estudos de eficácia normalmente avaliam obras de boa
qualidade, escritas por profissionais gabaritados. Essa, evidentemente, não
é a regra num mercado que lança milhares de títulos por ano.
E, como os remédios, livros errados envolvem alguns riscos. Num trabalho
publicado em 2008 em 'Professional Psychology', Richard Redding e colegas
avaliaram 50 obras de alta vendagem nos EUA relativas a transtornos de
ansiedade, depressão e trauma.
Como era de esperar, a qualidade e os problemas variam muito. Há desde
aqueles livros que apenas esquecem de avisar que o tratamento pode falhar
(50% dos títulos) até os que dão conselhos capazes de provocar efeitos
adversos (18%).
A boa notícia é que, prestando atenção a alguns poucos itens, como se o
autor é um profissional de saúde mental e se tem títulos acadêmicos, é
possível fugir das piores arapucas. Em princípio, essa regra deve valer
também para o Brasil.
Ressalvas à parte, a literatura médica de autoajuda é um fenômeno que
deveria ser olhado com mais carinho por profissionais e autoridades. Ela
tende a funcionar ao menos em alguns casos, permite atingir grandes
populações, e apresenta a melhor relação custo-benefício.

Nenhum comentário:

Postar um comentário